Rancho Folclórico de Mundão

Rancho Folclórico de Mundão
R. F. M.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Tradições de Mundão

Mundão possui trajes característicos, vindos das casas solarengas da freguesia às mais pobres e rurais.
Registam-se trajes ricos que vieram dos solares dos Góis, dos Menezes, das senhoras ricas de Nespereira, a par da pureza e beleza de lenços de seda, de algodão e de lã, de peças de linho, assim como tecidos quentes como o burel, dos tamancos ferrados, da elegância dos trajes de ver-a-Deus e ir á Missa, do alegre colorido da romaria, da beleza da meia senhora, do peso que as grossas correntes do relógio de prata emprestam ao lavrador abastado, dos aventais de riscado, das blusas de gregorina, das saias de armur e de brocado.
Tudo isto, em perfeita harmonia, pode ser observado nos dias de hoje, no Rancho Folclórico de Mundão, que defende condignamente os valores da sua terra.




Romarias era coisa eu não faltava na nossa região.
Mundão também ia á romaria – do Sr. Dos Aflitos e S. Pedro em Cavernães e Gumirães, os mais afoitos a S. Macário e Sr.ª da Lapa, e todos ainda hoje a Sta Eufémia de Matos em Cepões.

Fui à Sra. da Lapa,
Dei o nó numa urgueira
Foi uma jura que eu fiz
De lá não voltar solteira.

Para a romaria as gentes de alguns lugares desta freguesia, usavam os seus melhores trajos, com as cores mais garridas, as raparigas usavam as arrecadas, as cruzes, as medalhas e os fios de voltas, de ouro. Dizia-se que na Romaria arranjavam os amores!
O farnel era preparado com dedicação, sempre transportado á cabeça de mulher que já tinha o seu traquejo, num cesto de dois tampos, fechado por um pau enfiado em duas azelhas simétricas, era um farnel de festa.



Faziam-se ao caminho, em grandes Ranchos, cantando e dançando caminho fora.
De vez em quando paravam em sítios já conhecidos, para beber um golito de água ou para ensaiar uma cantiga, ou mesmo para dançar, pois havia pernas para isso.

Vai devagarinho
Vai devagar só
Vai devagarinho
Não levantes pó.

Chegados á romaria pagavam-se as promessas à Santa, cuja estampa o rapaz colocava na fita do chapéu, em sinal de que a promessa tinha sido comprida, dando-lhe assim ar de romeiro.
E depois começava a dança…músicos ao improviso, uma concertina, uns ferrinhos, um bombo, e que tocadores dali saíam. Era um verdadeiro arraial.


Ora deixa-te estar
Assenta-te aqui,
Ora deixa-te estar
Amor ao pé de mim.



Os mais miúdos deliciavam-se com os doces, os beijinhos, as cavacas e as santinhas de açúcar, o caminho até se fazia mais rápido.

Na romaria nem tudo era festa, ali também era local de se acertarem contas: dos amores roubados, de juras feitas, de águas de partilha…começava o burburinho e de lá saltava o pau de marmeleiro desancando a torto e a direito.
Nem sempre as coisas eram assim, muitas romarias começavam e acabavam tranquilamente! Mas…Romaria da Beira sem berdoada, nem era Romaria, nem era nada!

Percursos...

Corria o ano de 1947 quando um grupo de pessoas decidiu levar Mundão à marcha das aldeias. Esta Marcha das aldeias era um desfile que demandava a Feira franca de Viseu.
Este desfile era feito com carros de bois e carroças de burros, onde se recreavam cenas de quotidiano, e onde as tricanas de Mundão também participavam cantando e dançando. Este desfile mobilizava as gentes das aldeias de todo concelho.
Mundão ganhou o primeiro prémio nesse mesmo ano, levando a Viseu um hino escrito pelos próprios, que hoje caiu um pouco no esquecimento, mas que vamos recordar:

Saudação a Viseu

Ó cidade de Viseu
como tu não há igual.
Todo o teu passado
vivo e recordado
na História de Portugal...

Hospitaleira e bairrista,
és uma terra sem par...
Por isso, com graça,
quem por ela passa,
tem que por força voltar

Foste tu, Viseu
quem proncípios deu
a esta Nobre Nação.
por iss, contente,
é seguir em frente
a mesma orientação.

Vamos raparigas,
com nossas cantigas,
oferecer o nosso amor.´
Ó cidade airosa.
meu botão de rosa,
minha bonita flor!

Neste percuro, que convem fazer referência, e é de recordar nomes que deram alma e vida ao Grupo que então era formado: Manuel da Cruz, este foi o homem que chamou a si a missão de sobrevivência do Grupo.
O grupo teve altos e baixos e algumas paragens no tempo.
Veio o ano de 1985, ano marcante pois procederam-se ás recolhas de uma vasto espólio cultural e etnográfico na freguesia de Mundão, que hoje existe e está salvaguardado nama das salas da Junta de Freguesia de Mundão.